segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

quando deitarei,
tranquilo a olhar
o tecido estampado
que veste o luar?

o vigia passa
assoprando o apito
a televisão ligada
apenas segue seu rito

tenho fé na luz do dia
nas flores e mariposas
na beleza tão bela
das moças

as cigarras cantam
assobiam aqui e ali
cantam para que quando durmamos
durmamos a sorrir

quando deitarei
tranquilo a olhar
o tecido estampado
que veste o luar?


25/10/2010
deito,
deito no teu travesseiro
de plumas lunares
e sonhos e delírios

a fotografia tirada
no instante em que
a mariposa voava
simplesmente saiu voando

ganhou ares
semeou flores
o pólen dourado
simplesmente cantava

por todos os cantos
de nota em nota
na mais bela sinfonia
que o momento permitiu


20/11/2010
pela cidade
as coisas acontecem
momentos de fuga
não fogem, ferem

diga adeus,
apenas adeus,
que o meu peito agora
é meu

as árvores balançam
as folhas ao vento
em algum lugar
canta alguém ao relento

diga adeus
apenas adeus,
que o tempo passou
e em mim doeu

à cidade, ainda
encontra-se lugar para dançar
olhar uma linda menina
e quem sabe beijá-la


01/11/2010
pela cidade eu ia,
pela cidade eu vou,
eu vou, eu vou, eu vou
em busca do amor

as águas do rio corriam
nas águas do rio pulou
nadou, nadou, nadou
em busca do amor

nada é complicado,
nem perfeito e acabado
é simplesmente a magia
o fluxo inefável

pela cidade eu ia,
pela cidade eu vou
eu vou, eu vou, eu vou
em busca do amor

01/11/2010
É noite de lua cheia.
Uma matilha de cães perambula pelas ruas.
Uivam para as nuvens que lentamente atravessam o céu,
uivam para o próprio céu.
Em algum lugar profundo dentro de si mesmos,
algo os chama.
Talvez seja o passado, o passado no qual caminhavam
entre as folhagens de uma mata aberta.
Uivam como parentes de um soldado que foi para a guerra,
lenta e profundamente,
antes de partir para a próxima esquina.
A cidade está adormecida,
talvez uma ou outra pessoa, deitada em sua cama,
ouça a matilha viajar.

26/10/2010


O som de um vento uivante percorre os prédios
da cidade.
É a brisa que, saindo da adolescência, encontra,
nos caminhos invisíveis que o ar percorre para dançar livremente,
sua maioridade.
Talvez passe pelo céu um avião.
Uma bicicleta soa enferrujadamente e solitária em uma rua.

26/10/2010


Então, após amá-la de um jeito que ela nunca pôde imaginar que seria,
eu me levantei e fui fumar um cigarro.
Era ainda cedo, talvez sete da noite. Na distância do corpo aquecido
por sonhos, balancei-me na rede enquanto observava a fumaça entregar-se
ao ar. Seria vasta a atmosfera? Qual amor me aguardava?
Desejei nadar um pouco, e fui para o mar das notas tristes do meu violão.
Preciso de um adeus, pensei.
E sentia que apenas o seu encontro poderia me dizer quem eu realmente era,
não quem gostaria de ser.

01/11/2010
Prefácio (ou uma semente plantada)



moti,
moti, moti...
que viva, viva
a liberdade!

manju,
manju, manju...
que viva, viva
a liberdade!

doriaki,
doriaki, aqui!
que viva, vida
a liberdade!

serena e doce,
que viva, viva
a liberdade!

moti,
moti, moti...
que viva, viva
a liberdade!

Oraioo Gozaimas!
Oraioo Curiss Mass!
que viva, viva
ah, moti, que viva
a liberdade!

20 de dezembro de 2010


BALADA DA INFÂNCIA QUE VÔA

lembro-me da gangorra
e o meu pai empurrando
quando um guerreiro jovem
o observava

e com o carro quebrado
desceu a garoa
e os primeiros passos
deu o sapato apressado

voavam no céu
balões de fogo
e um disco voador
aportou em minha casa

para a avenida
colorida com o ouro
da felicidade da pátria
o vidro me mostrava

e eu chegava de mansinho
olhares em todos
os lugares esperançosos
do futuro sorridente

e as miniaturas
de pessoas que aceleravam
o passo em suas vidas
a avó me olhava

onde está o meu senhor?
e gritos e lágrimas
diziam algo
que nenhum pequeno entende

o corrimão da escada
seria a rampa do skate
talvez aeronave
alçando seu vôo

e balões d'agua voando
às flechas de heróis gregos
samurais empunhavam
sua espada de honra

saindo pelo ar
notas do piano e da senhora
ensaiando os pequenos pioneiros
a cantarem em liberdade

e crianças que ainda
tinham caminhões de brinquedo
os carregavam de areia
e simpatia

um pequeno descanso
ao almoço e sorrisos
a gentiliza ancestral
oferecia seu rito

somos crianças
e o que mais
nos importa senão
o verdadeiro amor?

a água lava minha boca
e o aprendizado
pouco a pouco
me diz o mundo

olhe! é um cavalo
os grandes amigos do homem
uivam, pois perderam
a noite enluarada

vejo seus olhos puchados
tão bela que comigo
baila ao lado do Oriente
pra ti, meu chapéu no chão

em fila, bravos pioneiros
ó, vasto mundo
e uma brincadeira infantil
é o que agrada aos anjos

pois então é Natal
e o ônibus que passeia pela cidade
nos traz alegria
permita-me enxugar-lhe as lágrimas...


29/30 de Agosto de 2010